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Santa provocação!
Presidente do Botafogo-PB, Roberto Burity (Foto: Reprodução de vídeo/GE)

Provocar o adversário no universo do futebol é sadio. Considerando que a provocação não seja criminosa, daquelas que atacam minorias, credos e direitos fundamentais, fica melhor ainda. Limitando-se ao espectro do clubismo, toda zoação é bem-vinda. Serve para colocar tempero no confronto, desestabilizar o rival – ou motivar ainda mais – e mobilizar torcedores para o clima de caldeirão dentro do estádio. Quando uma provocação prévia dá certo, vira triunfo, pois pode não ter influenciado em nada, mas para seus idealizadores, terá sido o motivo da derrocada do oponente por suposto abalo emocional. Por outro lado, quando dá errado, se transforma em história a ser contada.

Quem tem se mostrado especialista em despertar a motivação dos rivais com provocações e tomar o tiro pela culatra é o Botafogo da Paraíba. Em histórico recente, o alvinegro da estrela vermelha tem acumulado vergonhas ao fustigar seus adversários e, logo em seguida, ser obrigado a engolir as bravatas.

Ano passado, no quadrangular final da Série C do Brasileirão, momento em que o time sonhava com o acesso à Segunda Divisão, o presidente do Botafogo-PB, Roberto Burity, comemorou antes da hora. Logo após a primeira rodada da fase final, ao vencer em casa o Amazonas, Burity disse: “Meu problema é com o Ibama, matamos a onça”. Nas rodadas seguintes o Belo tropeçou, ficou de fora do acesso e o dirigente ficou marcado pelo vexame.

Nessa última quarta-feira (13), pelo Campeonato Paraibano, o Belo bem que provocou, mas terminou a noite engolindo mais uma. Antes da partida contra o Treze, no chamado “Clássico Tradição”, o setor da torcida visitante amanheceu com milho no chão e cartazes em referência ao gol de David Batista, responsável por rebaixar o Galo na Série C de 2020. O texto ilustrado junto com vários caixões dizia “Eu te rebaixei pra Série D”. E pra que serviu a provocação? Motivar o Treze, obviamente. O time alvinegro jogou como quis no Almeidão, ganhou por 2 a 0, tomou a liderança da competição das mãos do Belo e só não fez mais porque tem um Clássico dos Maiorais na última rodada, no próximo sábado (16), e por isso tirou o pé do acelerador durante a partida.

Quem segue dando aula sobre como bem provocar adversários é o presidente do Sousa, Aldeone Abrantes. Ouviu caladinho a imprensa do país todo só falar sobre o Cruzeiro na primeira rodada da Copa do Brasil. Venceu em casa, mostrou ao país a força do Marizão e ainda terminou a noite cantando “Caboclo do Sertão”, clássico do forró com letra de Geraldinho Lins. “Sou um caboclo do sertão, só tenho amor no coração pra oferecer”, entoava o dirigente do Dino ainda em êxtase com a vitória.

Para a segunda rodada, novamente Aldeone ouviu e calou, mas desta vez foi diante de uma provocação contundente por parte do presidente do Petrolina, logo que o time se classificou para enfrentar o Sousa. Novamente no Marizão, o Sousa venceu junto à torcida e o presidente cantou outra canção clássica para os sertanejos, “Petrolina, Juazeiro”, de Jorge de Altinho, mas com um pequeno ajuste na letra que muito bem serviu de resposta para o adversário eliminado.

“Juazeiro, Petrolina… Todas duas eu acho uma coisa linda, eu adoro Juazeiro, mas ‘derroto’ Petrolina”.

Texto publicado originalmente na edição impressa de 15.3.2024 do jornal A União.