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OPINIÃO: Superestimado Oscar

Por Felipe Gesteira

Reprodução: Instagram/São Paulo

Logo que o São Paulo anunciou a volta de Oscar, uma enxurrada de comentários, avaliações, críticas e, principalmente, discursos ufanistas sobre o “super craque” que é – ou foi – inundou as redes sociais digitais. O primeiro ponto discutido foi a saída conturbada dele do time. Cria da base são-paulina, Oscar alegou problemas contratuais e acionou o clube na Justiça, em dezembro de 2009, quando tinha 18 anos. Era naquela época a maior promessa do Tricolor Paulista. Em 2010 conseguiu se transferir para o Internacional. Há quem ainda hoje aponte traição. Sendo ou não, é como fazer avaliação em relacionamento alheio. Se o próprio clube relevou e aposta em nova história, os problemas ficaram no passado. 

O ponto agora é avaliar Oscar como atleta. Há anos o São Paulo precisa de um jogador com perfil de camisa 10 clássico, algo raro no mercado. A última tentativa foi com o colombiano James Rodríguez, que hoje está fazendo raiva aos torcedores do Rayo Vallecano, lá na liga espanhola. Para afastar a desconfiança sobre Oscar, a ala que atua nas redes digitais tratou de levantar dados dos últimos anos do jogador pelo Shanghai Port, da China, onde atuou por oito temporadas. Com base nos números da plataforma Sofascore, ao longo de sua passagem pela China, Oscar tem feitos impressionantes. Em 245 jogos ele marcou 76 gols, 110 assistências, 186 participações em gols, 908 passes decisivos e 1375 bolas recuperadas. 

O que surpreendeu nesse material divulgado foi a desfaçatez no comparativo com outros craques. Nos últimos oito anos Oscar foi melhor em número de assistências que Lionel Messi, Kevin De Bruyne e Neymar. Diante do absurdo, diversos internautas perguntaram se havia números em ligas profissionais. Um mais debochado disse que estavam comparando quem joga contra profissionais com quem enfrenta funcionários da Shein. Ressalvas à parte, as críticas têm certo fundamento, pois os números colocam Oscar no mesmo patamar de dificuldade daqueles que jogaram nas ligas espanhola, inglesa e francesa. Não é nada justo. 

Assim como Luiz Gustavo, David Luiz e Hulk, que já estão no futebol brasileiro, Oscar é mais um que esteve na Seleção Brasileira no trágico 7 a 1 da Copa do Mundo de 2014. Foi dele o gol de honra. Importante lembrar que mesmo com resultado desastroso, se estavam ali eram, em tese, os melhores jogadores. Mas vejamos a data, seu auge foi há onze anos. Hulk cabe em qualquer clube brasileiro. David Luiz saiu do Flamengo, mas ainda rende muita bola. Luiz Gustavo veio para o São Paulo como reserva de Pablo Maia e tem rendido na proporção daquilo que se propõe. 

E Oscar? Jogou muito no Inter. Fez um dos gols mais bonitos que já vi na sua estreia pelo Chelsea, e depois teve uma passagem apagada na liga inglesa. Fez chover na liga chinesa, ok, mas é uma liga de qualidade técnica inferior à brasileira. Não adianta criar expectativas com base no que ele fez lá. Hulk veio da China e tem rendido muito no Brasil, mas o que vale para um nem sempre vale para outro. Se Oscar conseguir mostrar consistência, já vai ser muita coisa. 

Texto publicado originalmente na edição de 03.01.2025 do jornal A União.