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OPINIÃO: Por que torcer pelo Neymar?

Por Felipe Gesteira

Foto: Raul Baretta/Santos

Neymar finalmente está de volta ao futebol brasileiro. Digo logo que vou torcer por ele. Não pelo time dele, o Santos, apesar da presença de Tiquinho Soares no elenco, por quem torço sempre. Vou torcer por Neymar, pelo jogador e, em consequência disso, por seu futebol. Torcerei porque Neymar, ou o que resta dele, é também parte do nosso futebol. 

Qual Neymar volta ao Brasil? Certamente não aquele magrelo e veloz que despontou no Santos e atravessava o campo driblando todo mundo. Muito menos o que jogou de ponta no Barcelona, ou mesmo o Neymar do Paris Saint-Germain onde, dizem, foi seu auge como jogador profissional. Aposto que também não será o Neymar do Al-Hilal, que ficou mais fora do que dentro de campo. Acredito que este, novamente no Santos, será um Neymar totalmente novo.

Seria ilusão da minha parte entrar na onda ufanista a ponto de acreditar que Neymar vai recuperar todo o seu futebol, retomar o posto de camisa 10 da Seleção Brasileira e ainda liderar o Brasil na próxima Copa do Mundo. Tomara, mas duvido. Considerando suas últimas temporadas e o tanto que ele sofreu com lesões, creio que apesar das expectativas da torcida santista, ele deva ter metas bem mais modestas. 

Dia desses vi um comparativo tão injusto a ponto de percebê-lo desconectado da realidade. Na rede social digital X, um usuário disse que entre Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo, o brasileiro foi o único a abrir mão de dinheiro para jogar no time que o revelou. O texto dizia que Messi ignorou o Newell’s Old Boys, da Argentina, enquanto Ronaldo deu de ombros ao Sporting, de Portugal. Há apenas uma verdade nisso: Neymar ainda tinha lugar no mercado europeu. De resto, não dá para comparar, pois Messi e Cristiano Ronaldo, antes de decidirem atuar em mercados menores, respectivamente Estados Unidos e Arábia Saudita, vinham de temporadas completas em seus clubes e hoje atuam com certa regularidade, diferentemente do brasileiro, que sofre com lesões graves. 

Também é verdade que o retorno ao Santos busca ajudá-lo a recuperar seu futebol, assim como a alegria de jogar bola. Porém o que pouco se fala é que o craque volta ao Brasil para reconstruir a marca Neymar, que após tanto desgaste estava completamente manchada. 

Neymar não deixou de ser ídolo por conta dos excessos em festas, tampouco por ter sido pouco profissional no cuidado com a parte física. Compará-lo com Cristiano Ronaldo é absolutamente descabido, pois o português é exemplo de disciplina. Mas há brasileiros que fizeram menos que Neymar e até hoje são queridos. Adriano Imperador é um exemplo. Mas a marca não se destrói somente pelos excessos fora de campo. Talvez Adriano tenha sido flagrado em mais festas que Neymar, mas nunca agrediu um torcedor na beira do campo. Neymar fez por onde afundar seu nome, afastando-se do aspecto de ídolo. Pelo tanto que jogou, poderia estar em um patamar melhor. 

Mas se foi um péssimo exemplo, por que ainda assim torcer pelo Neymar? Caso consiga superar as lesões e manter-se suficientemente bem para resistir ao difícil calendário de jogos do Brasil, Neymar tem tudo para entregar muito e desequilibrar a favor de seu time. E por que torcer por um jogador de time rival? Mesmo que não volte nunca à Seleção, estando em alto nível, sobrando nos campeonatos e carregando o Santos, será bom para o futebol. 

Texto publicado originalmente na edição de 31.01.2025 do jornal A União.