logo
Líder em informação sobre apostas no Brasil
ARTIGO: Marketing às avessas

Por Felipe Gesteira*

Ronaldinho foi destaque na vitória do Brasil contra a Inglaterra durante a Copa do Mundo de 2002 (Foto: Arquivo/CBF)

Comunicar de maneira simples é sempre a melhor opção. Falar de forma clara, direta, sem arrodeios, como dizemos aqui no Nordeste. Na Comunicação, o objetivo é alcançado quando a mensagem é assimilada por quem a recebe. Se uma pessoa diz algo e a outra entende, pronto, funcionou. Qualquer elemento utilizado para tornar esse processo mais complexo incorre no risco de arruinar a mensagem. Muito dessa complexidade forçada decorre da arrogância intelectual daqueles que se esforçam para mostrar sua suposta inteligência, mas inteligente mesmo é ser compreendido. Erasmo Carlos dizia que se o simples fosse ruim, teriam inventado outro “Parabéns pra você”.

Venho hoje falar de comunicação neste espaço da página de esportes para comentar o desastre da ação pensada por um “gênio” do marketing. Além de ter sido uma catástrofe para a marca, a ação afetou os jogadores da Seleção Brasileira.

Pensaram em usar como interlocutor um ídolo do futebol brasileiro para dizer que não torceria mais pela Seleção e, em seguida, após o burburinho gerado, voltar atrás e afirmar que não abandonaria a torcida pela equipe, assim como o desodorante patrocinador da ação “não abandona”.

Quem teve essa ideia brilhante achava que logo após o ídolo falar mal da Seleção, muitas pessoas sairiam em defesa do time, contestando sua fala, e aí entraria a sacada dos “gênios”. O resultado, obviamente, saiu inverso, como um tiro no próprio pé. O ídolo escolhido foi Ronaldinho Gaúcho, craque histórico, campeão mundial, Bola de Ouro…

Após sua declaração, além da concordância de milhares de internautas, outros ídolos acostaram-se à sua fala. A repercussão foi tamanha que chegou nos jogadores comandados por Dorival Júnior. A brincadeira precisou ser explicada e o que deveria ter resultado em boa visibilidade para a marca, pegando carona na participação da Seleção Brasileira na Copa América, acabou se transformando em uma grande crise, reverberando pensamentos negativos verdadeiros sobre aqueles que, ao contrário do que aconteceu, deveriam estar sendo exaltados.

Confira o que disse Ronaldinho Gaúcho na ação de marketing:

“É isso aí, galera, pra mim já deu. Esse é um momento triste para quem gosta do futebol brasileiro. Fica difícil encontrar ânimo para ver os jogos. Esse é talvez um dos piores times dos últimos anos, não tem líderes de respeito, só jogadores medianos em sua maioria. Acompanho futebol desde criancinha, muito antes de pensar em me tornar jogador, e eu nunca vi uma situação tão ruim como essa. Falta amor à camisa, falta garra e o mais importante de tudo: futebol. Repito: nosso desempenho tem sido uma das piores coisas que já vi. Uma vergonha. Por isso, declaro aqui o meu abandono. Não vou assistir a nenhum jogo da CONMEBOL Copa América™, e nem comemorar nenhuma vitória.”

*Texto publicado originalmente na edição de 28.06.2024 do jornal A União.