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ARTIGO: Finalmente um ídolo

Por Felipe Gesteira*

Vini Jr. (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

A Seleção Brasileira de futebol começa a dar sinais de que está no caminho para a reconquista do público. O torcedor brasileiro sempre foi apaixonado por futebol, mas quando se falava na Seleção, era como se uma entidade acima de seu clube tomasse as rédeas do coração. Ganhar a Copa do Mundo valia muito mais do que ver o time preferido vencer no Brasileirão. Pairava sobre a torcida um sentimento de união, no amor e na dor, quando o Escrete Canarinho entrava em campo. 

Tanto tempo, cinco títulos mundiais, um caminhão de craques, muitas histórias envolvidas. Mas nos últimos anos a coisa não vinha bem assim, não. Diversos motivos afastaram o torcedor da Seleção. Há quem aponte até a associação da camisa amarela com grupo político. Eu digo que, se houve, já passou. O motivo maior está no campo.

Em primeiro lugar, o mais óbvio: time que ganha empolga mais. Vejam o Flamengo, por exemplo. Na campanha com Jorge Jesus, até crianças vascaínas por influência dos pais viraram a casaca. Nem falo por achismo, só na minha família são duas. Quem gosta de ver o time só perdendo? O Flamengo ganhou tudo muito em campo naqueles anos, e fora dele conquistou torcedores pra vida toda. Na Seleção, além do jejum de títulos mundiais e um vexame histórico na Copa do Mundo em casa, em 2014, conseguiram também desfigurar o jeito brasileiro de jogar. Esse modelo pragmático que imita o futebol europeu não tem nada a ver conosco. A era Tite manteve o time na retranca, um jogo feio. Tomara que nisso Dorival dê jeito.

Outro problema é a falta de identificação com os jogadores. Esse é antigo, vem sendo dito desde os anos 1990. O jogador sai do Brasil muito antes de virar ídolo por aqui. Ronaldo Fenômeno saiu cedo do Cruzeiro. Ronaldinho Gaúcho saiu cedo do Grêmio. Hoje em dia a coisa está muito pior, temos exemplos de jogadores convocados que sequer atuaram no país. Dos grandes nos últimos anos, talvez Neymar seja a única exceção. Pro tanto de bola que jogava no começo da carreira até que ficou muito. 

Por falar em Neymar, eis aí o terceiro ponto para afastar a torcida da Seleção. Faltava um ídolo. A mídia bem que tentou forçar a barra fabricando ídolos. É importante para toda uma cadeia que sustenta o negócio. Se o brasileiro não se interessa, logo não tem audiência, caem as cotas de patrocínio, e aos poucos tudo desanda. Quantos ‘quase’ ídolos tivemos? Robinho e Daniel Alves são dois recentes que poderiam estar na memória entre os grandes, mas optaram por destruir suas imagens com crimes contra mulheres. Um estuprador jamais poderá ser ídolo. Gabriel Jesus é cabra bom, lhe faltou bola. Neymar, com bola de sobra, nunca esteve à altura.

Hoje, finalmente temos um grande jogador para chamar de ídolo. Vini Jr. reúne qualidades dentro e fora de campo. Talento inquestionável, digno da próxima Bola de Ouro, e a postura política de enfrentamento ao racismo. Algoz de racistas, como ele diz. Bravíssimo. Doutor Sócrates olharia para um ídolo desse tamanho com orgulho, aposto.

*Texto publicado originalmente na edição de 14.06.2024 do Jornal A União.