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ARTIGO: Alta tensão para o Choque-Rei

Por Felipe Gesteira

Luciano em comemoração polêmica (Foto: Reprodução/Instagram/baby_tti_oficial)

A semifinal do Campeonato Paulista que será decidida na próxima segunda-feira (10) em um clássico Choque-Rei – como é chamado o confronto entre Palmeiras e São Paulo – está numa escalada de tensão a ponto de envolver diretorias, torcidas organizadas e jogadores. O primeiro ponto polêmico foi a escolha de local e data para a disputa. Logo após a classificação na fase de grupos, quando ficou definido que o Palmeiras pegaria o São Paulo, começou a especulação sobre a data da partida, pois já era sabido que as semifinais deveriam acontecer no fim de semana, assim como também estava marcado para o sábado (8) um show no estádio do Palmeiras, o que inviabilizaria local e/ou data.

Sob um fajuto protesto do São Paulo, a Federação Paulista de Futebol marcou a partida para a segunda-feira (10), já que a casa do Palmeiras estará indisponível no sábado. O Tricolor alegou que grandes jogos devem acontecer nos fins de semana, mas o mesmo já fez outros jogos por interesse próprio em dias diversos. Não sejamos bobos, o Choque-Rei marcado na segunda serve para atender o Palmeiras, mas serve mais ainda para os interesses das detentoras dos direitos de transmissão, que garantiram Corinthians e Santos no domingo. Se o São Paulo quisesse jogar no sábado com o Morumbis lotado, tivesse feito uma campanha melhor na primeira fase da competição. Quem não faz o dever de casa tem mais que abaixar a cabeça e seguir a norma do mandante. 

Depois da polêmica entre dirigentes e federação, foi a vez das torcidas entrarem para aumentar a tensão do extracampo. O clima esquentou quando Henrique Gomes, o Baby, líder da Independente, maior torcida organizada do São Paulo, prometeu “liberar o chope” em caso de eliminação do Palmeiras com direito a chute na bandeirinha dado pelo atacante Luciano. 

O camisa 10 do São Paulo não é ídolo da torcida somente por seus gols. Luciano sabe provocar o adversário, dentro e fora de campo. A comemoração do atacante citada por Baby já foi feita contra Palmeiras e Corinthians. Em ambos os casos gerou revolta. Em resposta ao pedido do líder de torcida do São Paulo, o presidente da Torcida Uniformizada do Palmeiras, Marcelo Lima, proferiu  ameaças que envolvem até a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. 

“Comunicando um pedido para a FPF e poder público. Eu vi torcedores dizendo que liberariam chope caso chutassem a bandeira do Palmeiras dentro do campo. Eu, como palmeirense, estou avisando: ou vocês conversam com jogador e impõem uma regra nisso, ou convoco todo palmeirense, caso chutarem a bandeira, que invadam o campo, sem agressão e vamos ficar todos sentados dentro do campo. Recado a todos os órgãos públicos porque é uma falta de respeito, deselegância, isso gera morte, gera tragédia. Chutou a bandeirinha com símbolo do Palmeiras, a gente invade o campo e vamos sentar. Dane-se que perca o mando de campo, pior é alguém chutar o nosso símbolo”, publicou o palmeirense.

Baby respondeu com nova provocação, mas para além do clima quente de pré-jogo, o episódio envolvendo líderes de torcidas chama atenção para a influência deles sobre o esporte, com agravante intimidação contra a segurança pública. E se Luciano fizer um gol, não faz parte do jogo a comemoração provocativa? É dever do clube impedir a invasão de campo, assim como das forças de segurança a garantia da ordem. Caso Luciano faça gol e não comemore como previsto, o episódio será marcado por censura e excesso de poder a quem não deveria ter. Em defesa da liberdade, torço por gol do camisa 10 com direito a chute na bandeirinha e provocação.

Texto publicado originalmente na edição de 7.3.2025 do jornal A União.