Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the acf domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/termometrodapoli/infobet.termometrodapolitica.com.br/base/wp-includes/functions.php on line 6121
ARTIGO: A polêmica do sintético - InfoBet
Imagem publicada pelo jogador Lucas Moura em sua conta no Instagram (Imagem: Reprodução)
Um movimento iniciado por atletas profissionais contra a utilização de gramados sintéticos no futebol brasileiro tem recebido cada vez mais adesões e provocado uma profunda discussão social entre todos os entes envolvidos no esporte. Diante da repercussão, jogadores e clubes vêm discutindo a respeito dos prós e contras entre utilizar gramado sintético ou grama natural. Um dos principais argumentos é o de que as maiores ligas do mundo não utilizam gramado sintético, e nesse ponto o complexo de querer ser grande e fazer parte do grupo dos maiores mexe com o brio da nação. No Brasil, Palmeiras (Allianz Parque), Botafogo (Nilton Santos) e Athletico (Ligga Arena) são os clubes que se beneficiam e tentam reduzir a polêmica nas redes sociais a puro clubismo, mas é muito mais do que isso.
Quem começou o movimento foi Lucas Moura, do São Paulo. Em seu perfil no Instagram, ele fez uma publicação para iniciar a polêmica, que já rendeu diversas falas e entrevistas sobre o tema. “Objetivamente, com tamanho e representatividade que tem o nosso futebol, isso não deveria nem ser uma opção. Nas ligas mais respeitadas do mundo os jogadores são ouvidos e investimentos são feitos para assegurar a qualidade do gramado nos estádios. Trata-se de oferecer qualidade para quem joga e assiste. Se o Brasil deseja definitivamente estar inserido como protagonista no mercado do futebol mundial, a primeira medida deveria ser exigir qualidade do piso que os atletas jogam e treinam”, publicou o jogador.
Em seguida ele recebeu apoio de outros craques de renome internacional que fizeram história em ligas na Europa e também pela Seleção Brasileira. Neymar e Thiago Silva entraram no movimento. Com as adesões, o tema ganhou ainda mais relevância na imprensa especializada. De repente surgiram especialistas nos dois tipos de gramados para discutir se o sintético é ou não prejudicial à saúde dos atletas. Na literatura científica há diversos artigos apontando maior risco de lesões para quem joga em gramados sintéticos. Ao mesmo tempo, outros foram apresentados confrontando esses dados e alegando que o risco é o mesmo, seja qual for o tipo de piso. Com o choque de versões, os atletas ajustaram o tom e passaram a focar no que para eles pode ter mais comoção social: o espetáculo. O próprio Lucas já falou em entrevista no fim do jogo da quarta-feira (19), contra a Ponte Preta, que não se trata de questão de saúde, mas puramente técnica.
A repercussão a respeito do tema cresceu a ponto de chegar até a imprensa internacional. Bernardo Silva, do Manchester City, foi questionado sobre esse movimento de jogadores brasileiros e de pronto classificou a grama natural como melhor para o esporte.
Os clubes que utilizam o gramado sintético defendem a manutenção do sistema principalmente pelos custos mais baixos. No caso do Palmeiras há um ponto a mais: a arena deles é bastante utilizada para realização de grandes shows. Sendo o piso sintético, não há danos.
O destaque que vem sendo dado ao tema mostra também a força que os jogadores podem ter quando se unem por uma causa. Sobre a melhor grama, sintética ou natural, já não tem mais volta, pois mesmo que nada mude, a polêmica foi instalada e respostas terão que ser dadas. O impacto causado pela discussão pode servir para mexer com outros temas sensíveis ao futebol brasileiro em relação ao internacional. Depois da grama, unidos e organizados, os atletas podem conseguir mexer no calendário. O excesso de partidas no Brasil, toda quarta e domingo, é queixa antiga, atrapalha o descanso, a recuperação, sobrecarrega os jogadores, aumentando o número de lesões, e reduz o tempo de treinamento. Caso ninguém se importe com a saúde dos atletas, o argumento de que é pelo espetáculo cairá como uma luva.
Texto publicado originalmente na edição impressa de 21.02.2025 do jornal A União.